Joaquim Pinheiro

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OPORTUNISTAS DE PLANTÃO

Por Carlos Alberto de Sousa

O Brasil é um campo fértil e vasto para aventureiros que, se aproveitando da fragilidade da administração pública e da falta de líderes na política, se lançam candidatos à presidência da República e, não raro, logram êxito.
Foi assim com Collor de Melo, figura que na campanha para a eleição de 1989 apenas era conhecida no Estado de Alagoas e que logo alcançou relevância nacional com o epíteto de “caçador de marajás”; com Lula da Silva, famoso pela liderança na luta sindical na região do ABC paulista e que ganhou notoriedade pelo discurso a favor das minorias, embora ao final da gestão tenha se destacado mais pela criação de uma elite empresarial ainda mais poderosa e mais rica; e, recentemente, pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, que, embora de início tenha resistido à velha prática do toma lá, dá cá da política nacional, acabou se curvando aos velhos costumes.
Eis que, agora, a mais de dezoito meses da próxima eleição, surge a figura de Luiz Henrique Mandetta, que, no curto período de catorze meses, ocupou o cargo de ministro da Saúde do governo Bolsonaro.
“O meu nome está aqui, eu não sou candidato de mim. Eu quero um projeto para a gente defender ideias. Se perguntar para mim, você está pronto? Eu estou pronto. Se perguntar para mim, você vai, você tem coragem para ir para uma das campanhas mais sórdidas, baixas, invasivas, pelos comentários do presidente e do filho do presidente, eu estou pronto”, afirmou recentemente em entrevista à CNN para uma possível candidatura à Presidência da República em 2022.
Antes de assumir o Ministério da Saúde, Mandetta era apenas mais um deputado federal eleito por dois mandatos (2011 a 2019) pelo Mato Grosso do Sul e que em 2018 já havia anunciado a sua aposentadoria da carreira política, tendo se licenciado do cargo para assumir o Ministério da Saúde em 1º de janeiro de 2019. Angariou fama pelas divergências com o presidente Bolsonaro no combate a pandemia da covid-19 no que tange ao isolamento social. Enquanto o presidente defendia a livre movimentação das pessoas, Mandetta achava que o isolamento tinha que ser rigoroso como forma de evitar a contaminação. O desgaste dessa relação culminou com a demissão do ministro.
Mandetta é mais um “salvador da Pátria” que aparece a cada eleição presidencial como redentor da Pátria. Durante sua permanência à frente do ministério, ocupou quase que diariamente os veículos da imprensa nacional com informações acerca da pandemia, movido mais pelas declarações negacionistas de Bolsonaro e, por isso mesmo, conquistando a simpatia dos adversários do presidente.
Hoje já se vê um Mandetta realizando palestras por aí, nas quais enumera, sem modéstia, os erros dos seus sucessores no ministério e a subserviência total deles ao presidente.
O mau de tudo isso é que esses aventureiros de plantão, geralmente estimulados por integrantes da velha política nacional, é que ao se elegerem viram reféns dessas figuras, que cobram um alto preço pela cobrança favores e de cargos na administração pública.
Já é por demais conhecido dos brasileiros o desfecho dessa situação: farta distribuição de cargos públicos e nomeação de pessoas sem qualificação para comandar determinados órgãos da administração pública. Tudo isso se constitui em uma porta aberta para alimentar a corrupção desenfreada que tanta prejudica e impede o crescimento do país.
É preciso que fiquemos atentos a esses movimentos e saibamos, na hora do voto, avaliar com cuidado esses pretensos candidatos. Para se habilitar ao mais elevado posto da Nação, é requisito basilar que o candidato detenha um histórico de realizações e de boas práticas e não naquele alcançado no breve espaço de tempo em que ascendeu à vida pública sem nenhum trabalho relevante que o qualifique à ocupação do posto que se lhe apresenta

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