A QUINTA COLUNA DE CARLOS EDUARDO
Por Ricardo Sobral, amansador de burro brabo, mestre em canjica e doutor em pirão de peixe.
É voz corrente que a disputa eleitoral no Rio Grande do Norte era para senador. Para governador, seria um passeio, como de fato foi. Um a um, com paciência de relojoeiro, a governadora recandidata, a tempo e a modo, removeu todas as pedras do seu caminho.
Ouvi várias vezes Agnelo, o mais cerebral dos Alves, dizer na Rádio Cabugi que a vitória tem muitos pais, e que a derrota, ao contrário, é órfã.
Este artigo, conciso como exigem as mídias sociais, já parte assertivamente com três premissas báscas: 1a. Carlos Eduardo não foi cristianizado, posto que Fátima cumpriu com ele do primeiro ao quinto como no jogo do bicho; 2a ele foi vítima do fenômeno da quintacolunagem; 3a. O candidato vitorioso, determinado a vencer, fez uma campanha aproveitando todos os erros do adversário, escondendo os próprios.
A terceira candidatura, articulada sob medida, jogada brilhante do ponto de vista da estratégia política, ameaçava – é verdade -, mas, ipso facto, não se revelou de início o bastante. Faltava algo: fato novo capaz de desequilibrar a disputa.
Surge então de mão beijada àquela ação judicial atabalhoada, infundada, inoportuna, coisa de macaco solto dentro de loja de cristais. Verdadeiro suicídio político. Tal ação despertou a ira santa de mais de cem prefeitos contra a candidatura do ex-prefeito de Natal. Antevi ali o insucesso eleitoral, que as urnas confirmaram. Padre Vieira, o expoente do barroco brasileiro, dizia que as palavras o vento leva, o importante são as ações. Costumo observar os efeitos que as ações humanas produzem para descobrir sua natureza e essência. Os prefeitos, unidos pela ameaça judicial comum a todos, tiveram nenhuma influência na eleição de governador e presidente, mas fizeram a diferença para a eleição de senador. É como vejo.