Romero: Potencial candidato a prefeito de Campina
Por Dyandro Pinheiro (advogado)
O SILÊNCIO DE ROMERO
Nesta arte de observar – de forma despretensiosa – o teatro político desta Paraíba, nunca vi uma habilidade tão duradoura e eficiente em se manejar o silêncio por um ator político como a do deputado federal Romero Rodrigues.
Gosto de acompanhar essas estratégias e seus desfechos.
O deputado não é tão hábil na oratória como outros políticos. Aliás, não existem mais na política desta província e da região oradores como o foram Ronaldo Cunha Lima, na Paraíba e Geraldo Melo, no Rio Grande do Norte; para citar apenas dois que pude assistir.
Romero é como o “matuto sabido”. Simples, agradável, respeitador, desprovido de soberba. E desse jeito, calado, se comunica e é falado, tomando o papel principal no palco pré-eleitoral. Participa de tudo em silêncio. Eventualmente – por gestos – deixa soltar alguma coisa, mas no limite de não se revelar para as curiosidades mais medonhas.
E nesse jogo, transita sem se expor a olhos e ouvidos, sob pena de apagar a luz no salão do arraial. Em técnica apurada, seu silêncio diz tudo e não diz nada. O professor da Sorbonne, Alan Corbin, na sua obra ‘História do Silêncio’ cita Salomão em seus provérbios, quando diz: “Retém as suas palavras o que possui o conhecimento, e o homem de entendimento é de precioso espírito.” Por esse exercício, há a possibilidade de ouvir e pensar, de modo que, quando falar, tenha algo importante a dizer.
Mas, o desfecho da peça é inevitável. Romero tem uma difícil decisão a ser tomada, escolhendo um caminho entre duas opções observáveis.
A primeira, continuar em seu mandato de deputado federal. Neste, vem se destacando; prova disso é que ocupa a liderança de seu partido (Podemos) e do segundo maior bloco partidário na Câmara. Mas, como deputado, não tem estrutura ampla de poder e, tampouco, possibilidade de decisão em assuntos locais. Permanecendo onde está, cumpre um mandato de deputado sem arrimo para impulsionar crescimento como liderança política em seu Estado.
A segunda, ser candidato a prefeito. Neste cenário – em se elegendo – teria oportunidade de se tornar uma liderança estadual. A Paraíba está desprovida de líderes políticos. Possui pseudo líderes que influenciam decisões sem ter mais praticamente vínculo algum com o Estado. Estranho! Sendo prefeito novamente, Romero iria readquirir uma estrutura importante de poder, que lhe foi tolhida por atores improváveis. Voltaria para um enredo em que decidiria atos e cenas, podendo escrever a peça com um desfecho que sonha. Para isso, precisa decidir entre perdas e ganhos, sendo assistido por uma plateia embevecida.
Nesse palco, lembramos dos versos do psiquiatra Ronald David Laing, no primeiro poema de ‘Laços’: “Eles estão jogando o jogo deles. / Eles estão jogando o jogo de não jogar um jogo. /”.