Joaquim Pinheiro

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FUTEBOL E VIOLÊNCIA

POR CARLOS ALBERTO DE SOUSA

O futebol brasileiro está mal. E essa maldade, traduzida em baixo nível técnico, nos tempos atuais
não se restringe apenas ao que ocorre dentro das quatro linhas dos gramados. É fora deles que a
situação atual parece ser ainda mais grave.
A violência, que teve início com as brigas de torcedores dentro dos estádios, extrapolou esses
limites e hoje virou um caso corriqueiro com torcidas organizadas se digladiando cada vez mais
distantes dos estádios de futebol do país inteiro.
O fato mais recente ocorreu na semana passada em Recife por ocasião da partida disputada entre
o Sport Club do Recife, time local, e o Fortaleza pela Copa do Nordeste. Após o confronto, o ônibus
que conduzia os jogadores do time cearense para o aeroporto foi abordado por torcedores do time
pernambucano com pedras e explosivos, redundando no ferimento de vários atletas.
Mais uma vez, a violência que assombra nossas cidades parece ter encontrado no futebol um meio
ideal para expressar toda a sua maldade.
Até hoje, não se viu da parte dos nossos governantes, quer em nível estadual ou federal, medidas
capazes de coibir a ação desses bandidos travestidos de torcedores. E, como não há punição, esses
marginais se sentem à vontade para agir.
O que mais nos impressiona são as medidas adotadas pelo forças que compõem a segurança na
ilusória tentativa de resolver a questão, muitas das quais ao invés de punir os bandidos, punem os
clubes. Já são bastante conhecidas iniciativas como, jogo com uma só torcida, jogos com portões
fechados, perda do mando de campo, que não passam de meros paliativos. Agora está sendo
anunciado mais outro absurdo: a eliminação dos clubes das competições, como está sendo
divulgado com o Sport, que nada tem a ver com a brutalidade da sua torcida.
O futebol é um esporte social em que a presença de torcedores dá mais brilho ao espetáculo. O
torcedor é maior razão que justifica um jogo de futebol, assim como também é importante fonte de
receitas para os clubes. Não há nada mais sem graça que uma partida de futebol sem a presença de
torcedores. Tira até mesmo a motivação dos atletas, que passam dias treinando para, naquele
momento do jogo, exaltarem suas qualidades, como num espetáculo teatral em que os personagens
se esforçam para, no dia da apresentação em público, dar o melhor de si e, na manhã seguinte,
verem seus nomes estampados nas mídias exaltando seus feitos e suas qualidades. Qualquer
jogador concordaria com essa afirmação.
Responsabilizar clube de futebol pelos desmandos de seus torcedores dentro ou fora de campo é
uma medida que demonstra cabalmente a incompetência dos responsáveis pela segurança nos
jogos de futebol, tamanha a facilidade proporcionada hoje pela tecnologia para identificar os
torcedores responsáveis pela prática da violência, como câmeras, drones, helicópteros, além das
forças de segurança ostensivas. Tal iniciativa só se justifica se o clube pactua ou dá sustentação a
esses torcedores, coisa que qualquer clube sério jamais faria.
É preciso urgentemente dar um basta na ação desses bandidos que frequentam nossas praças
esportivas, sob pena de vermos nossos campos e ruas virarem cenários de guerra.

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