“Conversa foi quem fechou o Cova da Onça”
Por Ricardo Sobral, contador de causos e lorotas e amansador de burro brabo.
CASCUDINHO
Vez por outra ainda se ouve em Natal a expressão “conversa foi quem fechou o Cova da Onça.”
Fazer o quê, se conversar é a única coisa que aprendi, ainda que claudicando no vernáculo?
Depois, conversar faz um bem danado. É como quem canta: seus males espanta.
Como evito lugares perigosos, tipo bar e estádio de futebol, nem vejo TV, tempo é o que não me falta para conversar.
Converso com vigia de rua, feirante, pescador, vaqueiro, magistrado, ministro, professor, empresário. Aprendo com todos. Converso até com quem não conheço, através dos textos que ouso cometer. Entretanto, não sou um causeur, nem detentor da “arte da conversação” como diria Câmara Cascudo.
Falar no autor do Dicionário do Folclore Brasileiro, se eu fosse “arturidade ou tivesse algum valor” ( Fulô do Mato) eu baixaria um Decreto tornando obrigatório chamá-lo de Cascudinho, como faziam os antigos para distinguí-lo do pai, o Coronel Cascudo.
Da minha parte, há muito dou minha contribuição, mesmo não o tendo conhecido, chamando-o de Cascudinho.
É o nosso maior patrimônio cultural.
Gênio!
Nessa madrugada reli sua Casa do Cunhaú (Ed. do Senado).
Cada leitura, novas descobertas.
Sei da existência no RN de uma biblioteca particular, pertencente a um acadêmico que conheceu bem Cascudinho, na qual se encontra praticamente toda a obra cascudiana, livros e plaquetes, inclusive as publicadas fora do Brasil.
Mesmo assim, temo o dia em que o genial Cascudinho venha a ser mais lembrado lá fora do que aqui, onde, segundo ele, é terra que não consagra ou desconsagra ninguém.
Viva Cascudinho.