Joaquim Pinheiro

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Canjica, Canjiquinha e Canjicão

Por Ricardo Moura Sobral, advogado.

O Kaba estava deitado na rede jiboiando, controle remoto na mão, assistindo um jogo qualquer da copa, desses jogos mornos, burocráticos, sem entusiasmo maior.
A mulher mexendo nas coisas na cozinha, aqui e acolá um estalo de metal paneloso, uma xícara espatifada no chão.
Nada de extraordinário naquela tarde pachorrenta; nada que prenunciasse que em instantes o tempo iria fechar.

  • Amor, quer canjica, tá bem quentinha, do jeito que voce mais gosta?
  • Filha, canjica não combina com cerveja. Obrigado. Depois.
  • Mas amor… insistiu a “crionça” em meio ao vapor exalado da panela.
    Bateu uma crise de consciência no animal cervejeiro. Então, cai-lhe na telha a ideia de que ela havia preparado a iguaria junina para ele.
  • Tá bem. Aceito.
  • Maravilha. Sirvo já. Quer num prato de sopa ou raso?
  • Não, minha branca, menos. Quero só uma fatia.
  • Tá bem, amor. De que tamanho?
  • Do tamanho de sua…
  • Safado! Eu levo.
  • Filhaaaaá; corte a metade.
    Quinze minutos depois o kaba foi atendido na urgência do Walfredo com queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus.

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