Joaquim Pinheiro

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Abrir ou Fechar? Eis a Questão

Por Henrique Santana

Dentre tantas dúvidas relacionadas à Covid-19, uma assertiva parece ser o entendimento, na maioria, de que o isolamento social é indispensável no conjunto de ações na guerra da pandemia. Essa maioria é formada por grupos científicos e essa orientação está incorporada nas políticas de saúde em todo o mundo. O atual nível de desenvolvimento da ciência que trata desse assunto identifica claramente as formas de contágio, propagação e imunização do coronavírus, intuindo pelas principais práticas que evitam esse contágio antes da vacina: máscaras, higiene e distanciamento. Busca-se reduzir os picos de contaminação pelo vírus e os consequentes óbitos, “achatando a curva pandêmica”, possibilitando um atendimento hospitalar e funerário minimamente digno, constatando-se o iminente colapso desses serviços. No caso da redução da mobilidade, ensejam-se decisões que determinam a proibição de aglomerações, estímulo ao teletrabalho e a obrigação do fechamento de serviços e comércio não essenciais e de escolas. Muitas dessas ações impactam negativamente o nível da atividade econômica, sobremaneira. A deterioração da economia no Brasil vem expondo mazelas sociais que estavam escondidas e que sugerem uma catástrofe humanitária sem precedentes. Não se pode deixar de reconhecer o drama por que esses grupos passam. Os que não têm condições de garantir recursos mínimos de sobrevivência durante essa emergência, os mais vulneráveis, estão passando momentos de muita aflição e devem ser considerados como prioridade nas políticas de enfrentamento da Covid-19. Entre esses, os pobres e desempregados, mais ainda, pois incluem a fome no seu infortúnio. Mas creditar a causa desses problemas nas decisões dos governos, em suas diversas instâncias, fomentando a controvérsia entre salvar vidas ou a economia, aparenta-nos ser injusto. As dúvidas quanto ao comportamento dessa doença, como as suas sequelas, vêm desnorteando a governança do assunto em todo o planeta. Abrir ou fechar é a grande questão. Qual a medida desse remédio? Qual é a proporção que maximiza os benefícios do distanciamento social na luta contra esse vírus, versus a redução dos impactos econômicos em cada realidade local? Esse dilema está destruindo a imagem da autoridade responsável pela decisão de “o que fazer?”. Reclamar desses governantes a baixa disponibilidade dos serviços de saúde que obriga essas medidas drásticas, responsabilizá-los pela morosidade na vacinação e cobrar a inquestionável necessidade de proteção social aos mais vulneráveis nos parece justo. Culpar as decisões quanto ao distanciamento social como únicas causas desse desastre requer uma análise mais ponderada.

Henrique Santana é engenheiro civil, mestre e doutor em desenvolvimento e meio ambiente pela UFRN.

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