Joaquim Pinheiro

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POBREZA, FOME E COVID-19

A COVID-19 está expondo uma situação que já existia, mas que a maioria de nós não via. A fome, do ponto de vista do flagelo social da pobreza, é quando se passa um dia inteiro sem comer por falta de dinheiro para comprar alimentos. E isso está bem perto de nós. O coronavírus fez com que o Governo Federal destinasse aos trabalhadores informais, autônomos e desempregados um benefício financeiro que chamou de auxílio emergencial. Esses recursos reduziram em sete vezes o número de domicílios em situação de extrema pobreza no Rio Grande do Norte. É preciso reforçar essa informação. No RN, uma pesquisa do Departamento de Demografia da UFRN, detectou em maio deste ano que em 1,85% dos domicílios no Estado a renda por pessoa era inferior a 145 reais por mês, condição da pobreza extrema. Sem o auxílio emergencial esse percentual seria superior a 12%. O auxílio emergencial do Governo Federal se mostrou um indicador cruel. Essa ajuda vem sendo distribuída a, em média, 58% da população potiguar. Descontados os erros de cadastro e a desonestidade de alguns, essas pessoas realmente precisaram desse dinheiro para comer. É preciso que nos debrucemos sobre este problema com uma visão mais ampla, para além das discussões sobre desigualdade social, obrigações constitucionais, fundamentalismos econômicos e questões políticas ou religiosas. A federação é legalmente responsável pelo bem estar da população, sendo obrigado a cumprir a Emenda Constitucional nº 64 que incluiu a alimentação entre os direitos sociais. Mas isso nunca deixará o papel sem uma consciência comunitária de corresponsabilidade de todos. Precisamos cobrar para que os recursos arrecadados pelos que pagam impostos sejam prioritariamente aplicados no cumprimento dessa obrigação. Se a COVID-19 nos trouxer algo positivo no novo normal, que seja uma nova postura de que não dá mais para conviver com tanta pobreza e fome.

Por Henrique Santana (engenheiro civil, mestre e doutor em Meio Ambiente)

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